Intérprete em Libras, Vânia Santiago, conta como foi o processo de criação
A relação profissional entre Vânia Santiago e o Instituto Rodrigo Mendes vem gerando bons frutos desde janeiro de 2015. Mais de cinco anos, diversos eventos e muitos vídeos depois, chega a hora de apresentar ao público que acompanha nosso trabalho novos sinais para representar o IRM, o portal DIVERSA e o curso Portas abertas para a inclusão. “A necessidade dos sinais foi surgindo durante as traduções dos vídeos do Instituto. Curiosamente o sinal do IRM foi o último a ser criado. O primeiro sinal foi do Portas abertas para a inclusão e depois do DIVERSA”, conta Vânia. Ela lembra que o sinal para o IRM foi criado apenas no início deste ano. A intérprete também explica: “Durante a tradução, quando um termo é bem conceitual ou muito citado e usamos muitas vezes, surge a necessidade de ter um equivalente em Libras”.
Como será que cada um deles surgiu? A gente explica. “Para o Instituto Rodrigo Mendes, (…) sempre sentimos a necessidade do sinal, mas continuávamos com a sigla. O sinal do Portas abertas surgiu meio que intuitivamente, reiteradas vezes os depoimentos nos vídeos do projeto faziam a referência ao símbolo que criamos. A construção em sinais foi abrir a porta com as duas mãos, sinalizando uma porta de duas folhas bem grande e ‘todos dentro’, sinal de inclusão. É um sinal com um tom acolhedor”, define.
A celebração dessa conquista não fica apenas entre o time de intérpretes que contribui para o trabalho do instituto. O superintendente do grupo, Rodrigo Hübner Mendes, se une à equipe para comemorar mais um resultado alcançado e agradece: “Uma alegria termos sido presenteados com a criação de sinais para representar o Instituto Rodrigo Mendes, o portal DIVERSA e o curso Portas Abertas para a Inclusão em Libras. Obrigado, Vânia Santiago. Mais uma contribuição relevante na busca pela comunicação acessível.”
O DIVERSA ganhou uma nomenclatura mais conceitual, que nasceu durante a gravação dos vídeos de Materiais Pedagógicos Acessíveis. “Faz referência ao encontro e interação na escola. E, no caso do Instituto Rodrigo Mendes, nós tradutores discutimos várias vezes e nunca chegamos a um consenso. Com o tempo, a necessidade de ter um sinal ficou mais forte. E no site do IRM tem um trecho importante, que me marcou, e foi dali que pensei o sinal. Com a colaboração da tradutora revisora Carol (Fomin) o sinal foi criado: com uma das mãos, um círculo que faz referência ao desenho da logo, mas também, faz referência ao mundo, e com a outra mão, uma junção de humano e diferença”, conta Vânia, que brinca: “Carol é toda poética e poético ficou o sinal”. Qual foi a frase tão marcante para Vânia e que a inspirou a elaborar o sinal para o IRM? “Nosso sonho é fazer parte da construção de uma sociedade inclusiva, que garanta a igualdade de direitos e valorize as diferenças humanas”, que você pode ler clicando neste link.
A criação desses sinais reafirma e vai de encontro com cada item das nossas premissas, que começa e termina com a missão de colaborar para que toda pessoa com deficiência tenha uma educação de qualidade na escola comum.
“Uma instituição ou projeto ter um sinal de correspondência na Libras marca uma espécie de pertencimento. No caso, estou falando de pertencimento às questões e vivências da comunidade surda, muito contemplada em todos os projetos do Instituto. Tem a ver não somente com acessibilidade, mas com respeito ao direito linguístico dos surdos”, afirma Vânia. Para quem não está acostumado com o processo, vale acrescentar: “a criação de um termo em Libras significa trazer mais que a correspondência palavra/sinal, significa trazer o significado do termo, significa correspondência de sentido. Quero dizer que, assim como em qualquer língua, a criação de palavras não é comum, um novo termo na língua surge a partir da necessidade de comunicar alguma informação”, argumenta a intérprete.
Conheça a Intérprete em Libras, Vânia Santiago.
Para quem ficou curioso, segue um breve perfil de nossa parceira, e colaboradora para a produção deste conteúdo, Vânia Santiago.
“O meu primeiro trabalho formal foi em 1998, em uma escola de surdos e, no ano seguinte, comecei a interpretar no ensino médio, comecei na esfera educacional. Continuo atuando como tradutora e intérprete de Libras e pretendo não parar tão cedo, apesar de atuar também na formação de novos tradutores e intérpretes de Libras. Essa atividade também é meu objeto de pesquisa. Aprendi Libras muito pequena. A princípio não pensava que essa seria minha profissão, falar Libras não era para mim um trabalho. Cursei a faculdade de Turismo & Hotelaria, outra área que me apaixona, mas a vida foi traçando um caminho que me trouxe até aqui. Acredito que conheci várias pessoas importantes que me apoiaram quando vim morar em São Paulo – que acreditaram na minha competência – por outro lado, sei que a dedicação e estudos me ajudam a fazer coisas interessantes.”