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IRM e Nova Escola discutem desafios e possibilidades da educação inclusiva

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Em lançamento de edição especial da revista, Instituto Rodrigo Mendes, especialistas e educadores conversam sobre inclusão de alunos com deficiência para além do diagnóstico

Como construir uma escola para todos? Com uma série de reportagens e artigos dedicados ao tema, a revista Nova Escola procurou responder essa pergunta em sua edição especial sobre inclusão escolar. A publicação explora diferentes experiências inclusivas pelo país e traz a opinião de membros do Instituto Rodrigo Mendes sobre temas como políticas públicas de inclusão, Desenho universal para a aprendizagem e laudo médico.

O lançamento da revista aconteceu em fevereiro durante o seminário “Educação inclusiva: desafios e oportunidades”, organizado por Nova Escola em parceria com o IRM e a Fundação Volkswagen (FVW). O evento reuniu especialistas e professores em São Paulo (SP).

Quatro pessoas estão sentadas em cadeiras diante de uma plateia. Uma delas segura o microfone e fala. As outras prestam atenção. Há uma intérprete de Libras ao lado, fazendo gestos.
Lançamento de edição especial sobre inclusão da revista Nova Escola. Foto: Mariana Pekin/Nova Escola.

Confira os principais temas discutidos no seminário.

Do direito ao acesso à aprendizagem

Na última década, as principais discussões sobre educação inclusiva no país passaram do direito ao acesso para a garantia da plena aprendizagem. “Há 10 anos, ainda se discutia se estudantes com deficiência deveriam ou não estar na escola comum. Hoje, a principal dúvida é como trabalhar com esse aluno”, resumiu Luiz Conceição, coordenador de formação do Instituto, uma preocupação pedagógica que tem desafiado os educadores a olhar para além da deficiência e a trabalhar com a diversidade em sala de aula.

Aos professores que têm estudantes com deficiência em suas classes, Eliane de Souza Ramos, do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diferença da Faculdade de Educação da Unicamp, lembrou de dois preceitos fundamentais consolidados pela Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva de 2008: a deficiência não está no indivíduo e todos são capazes de aprender. “Não vou escolher o que ensinar prevendo que a incapacidade está no outro. Não é porque uma pessoa cega não vê cor que é incapaz de pensar sobre ela. Mas, se eu a excluo, a pessoa fica apartada daquele conhecimento”, disse a especialista.

A pessoa antes da deficiência

No modelo anterior ao consolidado pela Política nacional, prevalecia o entendimento de que a deficiência era um “problema da pessoa” e havia uma expectativa de que o diagnóstico pudesse responder todas as dúvidas sobre como trabalhar com determinados alunos em sala de aula. Mas com a mudança de perspectiva, o que se espera é que os educadores possam olhar para além do laudo médico, enxergando o estudante com deficiência como indivíduo. Maria da Paz Castro, formadora de professores, destacou: “Eles são sujeitos e precisam ser consultados. Não se antecipe, ofereça a sua receita e a sua observação e deixe que eles se apresentem”.

O professor, hoje, precisa se concentrar menos no diagnóstico e mais em diminuir ou eliminar as barreiras. “Faz diferença, quando ele está preparando o planejamento anual e pensando nos conteúdos que ministrará para a turma, pensar nas barreiras que ele precisa reduzir. Um intérprete em Libras como temos aqui no evento, por exemplo, é uma forma de reduzir essas barreiras”, afirmou Luiz. Para o coordenador do Instituto Rodrigo Mendes, suscitar essa mudança de atitude tem sido o principal desafio da formação de professores.

Eliane, da Unicamp, concluiu: “Hoje, a educação especial tem como objetivo tornar acessível aquilo que está inacessível. Não tem a ver com adaptar o currículo ou treinar as pessoas, mas, sim, com o entendimento de que há uma singularidade que é interior e que não para de se atualizar. E que é na convivência e no diálogo que nos humanizamos e nos formamos”.

Com informações de Tory Oliveira, de Nova Escola.