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No dia nacional da luta da pessoa com deficiência, educadores debatem os desafios na inclusão escolar

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Educadores e especialistas participaram do evento de lançamento do curso online Portas abertas para a inclusão

Dois temas foram o foco do evento de lançamento do curso online Portas abertas para a inclusão: a falta de dados sobre as crianças e os jovens com deficiência foi um deles, o segundo foi a formação dos profissionais para promover a educação inclusiva. O evento aconteceu em São Paulo, no dia 21 de setembro, dia nacional de luta da pessoa com deficiência.

Durante o painel sobre os desafios que o Plano Nacional de Educação (PNE) traz para a educação inclusiva, Maria Lucia Meirelles, do movimento Todos pela Educação, destacou a falta de dados sobre a demanda por inclusão. “Não sabemos o número de crianças e jovens com deficiência que estão fora da escola. Onde é que elas estão?”, questionou.

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+ Dados de pessoas com deficiência: um desafio para a educação inclusiva

Três mulheres estão sentadas diante de uma plateia. Uma delas fala ao telefone.
Representantes do IRM, UNICEF Brasil e Todos pela Educação participam de painel sobre PNE e educação inclusiva. Foto: Paulo Fehlauer.

Hoje, os dados levantados pelos institutos de pesquisa brasileiros – como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – não dão conta de identificar a quantidade de jovens e crianças com deficiência que não estão sendo atendidos pelo sistema educacional. Como resultado, não é possível acompanhar com precisão o cumprimento da meta número 4 do PNE, que determina a universalização do atendimento educacional especializado (AEE) a esse público, preferencialmente na rede regular de ensino. “Acabamos observando indicadores relacionados que estão disponíveis”, destacou Julia Ribeiro, oficial de programas de educação do UNICEF Brasil.

 

Inclusão que impacta a escola

O nome oficial do Centro de Integração de Educação de Jovens e Adultos (Cieja) do Butantã, na capital paulista, é Cieja Aluna Jéssica Nunes Herculano. A instituição foi batizada em homenagem a uma antiga estudante da instituição. “A família fez essa proposta por reconhecer a importância que a escola teve para que ela, que tinha uma deficiência, se sentisse incluída”, contou a professora Jaqueline Martins, professora de educação física da instituição.

Jacqueline compartilhou, durante o evento, os impactos da formação sobre educação física inclusiva na sua prática e no cotidiano da escola. “O curso me fazia pensar como eu conseguiria fazer uma aula para garantir que todos pudessem participar”, destacou ela, que participou da edição semipresencial do curso Portas abertas para a inclusão. “Percebi que uma flexibilização nas regras que eu fazia tendo um aluno em mente ajudava muito também outras pessoas, que eu nem imaginava que se beneficiariam daquele auxílio ou aquele material”, completa. O relato completo da docente sobre as ações desenvolvidas no Cieja está disponível no DIVERSA, portal de troca de conhecimento e experiências em educação inclusiva.

Francisca Sueli Nunes, professora da rede municipal de Fortaleza e gestora da educação especial no município, também comentou os impactos da formação, que foram tema de sua dissertação de mestrado pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Segundo ela, as escolas participantes do curso puderam rever suas práticas e até a maneira como enxergavam a educação inclusiva. “Muitos notaram, por exemplo, que os profissionais já estavam dentro das instituições, só faltava o conhecimento para trabalhar com essas questões na escola”, disse.

 

Curso aberto e gratuito

A partir desta segunda-feira (24), uma versão online e gratuita do Portas abertas para a inclusão está disponível. O curso é autoinstrucional, ou seja, não requer presença física nas aulas. Outro destaque é o fato de ser acessível, com recursos de Língua brasileira de sinais (Libras), legendas e audiodescrição. “Nosso objetivo é apoiar as instituições de ensino para que elas possam perseguir altas expectativas para todos os estudantes”, sinalizou Rodrigo Hübner Mendes, superintendente do Instituto Rodrigo Mendes (IRM).

Os sete módulos que compõe o Portas abertas EAD podem ser cursados conforme o tempo disponível de cada participante. Com 40 horas de duração total, eles abordam diversos temas da inclusão escolar no Brasil: histórico e legislação, acessibilidades, práticas inclusivas e conceitos de educação física inclusiva. Os conteúdos são independentes e cada cursista pode decidir em que ordem estudar e quanto tempo se dedicará para concluir todos, com exceção do módulo “Projetos”, que deve ser, obrigatoriamente, o último módulo explorado. As aulas são compostas por vídeos, textos e videoaulas que articulam teoria e prática sobre educação inclusiva. Cumpridas todas as etapas, o Instituto Rodrigo Mendes emite um atestado de participação.

O Portas abertas para a inclusão nasceu em 2012, em uma parceria entre o Instituto Rodrigo Mendes, o UNICEF Brasil e a Fundação FC Barcelona para promover a educação física inclusiva no país, que se preparava para receber grandes eventos esportivos. “A criação do EAD é um passo fundamental para que esse projeto alcance mais pessoas”, destaca Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil.