Curso a distância aborda diferentes temas relacionados à inclusão de pessoas com deficiência em escolas comuns: histórico e legislação, acessibilidades, práticas inclusivas e conceitos de educação física inclusiva
O curso Portas abertas para a inclusão, educação física inclusiva EAD, completou dois anos em setembro de 2020! Em primeiro lugar, queremos parabenizar a todas e todos que atuam ou já participaram do projeto de alguma forma. Até aqui, foram mais de 101 mil inscritos! Nesse período, impactamos mais de 760 mil estudantes e mais de 31 mil escolas, além de certificar cerca de 17.900 pessoas. Fruto de uma parceria entre Instituto Rodrigo Mendes (IRM), UNICEF e Barça Foundation, a iniciativa tem por objetivo apoiar as redes públicas de ensino para a promoção da inclusão escolar de estudantes com deficiência por meio da ressignificação da educação física e de práticas esportivas seguras. O curso pode ser realizado, gratuitamente, por todos aqueles que se interessam pela educação inclusiva, à medida que apresenta diversos assuntos relacionados ao tema: histórico e legislação, acessibilidades, práticas inclusivas e conceitos de educação física inclusiva.
Lançada em 2012, a formação originou-se de maneira semipresencial. A partir de 2018, passou a ser oferecida, exclusivamente, a distância, ampliando o acesso a educadores de todo o Brasil. Atualmente, o Portas abertas para a inclusão, educação física inclusiva EAD, desperta o interesse de brasileiros em todo território nacional, como também, de estrangeiros.
Para Luciana Maria de Sousa Tamashiro, professora de Educação Infantil da rede do município de Suzano (SP), a formação contribuiu para que ela se atualizasse em relação à educação inclusiva.
“Sempre procurei estudar sobre educação inclusiva, mas, com esse curso, pude perceber o quanto eu estava desatualizada sobre o tema. Novos termos e conceitos que eu não conhecia, como ‘desenho universal para aprendizagem’ e o movimento político das pessoas com deficiência, são alguns exemplos”, explica Luciana.
A professora complementa dizendo que todos os colegas de profissão deveriam fazer essa formação. “Esse curso deveria ser requisito obrigatório para todos os professores, não só aos especialistas da área de Educação Física, pois te tira da zona de conforto e te leva a pensar em estratégias efetivas de inclusão. É uma formação de extrema qualidade, que pode e deve ser usada nas reuniões pedagógicas e com a comunidade escolar no todo”, afirma.
Margareth de Melo Alves, professora de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e intérprete de Libras, conta que os conhecimentos aprendidos no curso Portas abertas para a inclusão, educação física inclusiva, colaboraram para o desenvolvimento de atividades e para a interação entre alunos na comunidade escolar Epitácio Pessoa (SP).
“Todos os projetos que fizemos foram baseados nos aprendizados do curso. O curso é enriquecedor e ajuda muito o professor. Na escola foi feito um projeto de reciclagem. Eu fiquei com a parte dos brinquedos reciclados. Nós fizemos todos os brinquedos possíveis e cada sala montou seus trabalhos, com a participação dos alunos e dos professores. Tudo com material reciclável. Acredito que o projeto tenha atingido as famílias também, pois os alunos trouxeram de casa garrafas plásticas, papelão, enfim. Então, certo dia, teve campeonato de peteca, joguinho de palito (mas com canudinho), campeonato de xadrez (que o professor de Educação Física ensinou), campeonato de damas, teve teatro. Foi maravilhoso”, diz Margareth.
Além de elogiar os conteúdos, Elizangela da Conceição Ferreira de Castro, intérprete de Libras, destaca a qualidade dos profissionais que apresentam a formação. “Gostei muito dos históricos (apresentação) em cada conteúdo. Também pude exercitar sinais diversos nas legendas de Libras. Estou por terminar a pós-graduação em Tradução e Interpretação. Muito bom mesmo o nível dos intérpretes e sem falar nas abordagens, que são muito bem esplanadas”, pontua Elizangela.
Para a equipe de formação do Instituto Rodrigo Mendes, a acessibilidade é um dos diferenciais e um dos marcos do Portas abertas para a inclusão, educação física inclusiva, e pensar nisso desde a concepção do curso foi fundamental para a grande adesão dos inscritos. Para oportunizar acesso a todas as pessoas interessadas nessa formação foi feito um grupo focal, composto por pessoas com diferentes tipos de deficiência, que realizaram o curso e verificaram a acessibilidade.
“Antes do lançamento, nós contratamos pessoas com deficiência para fazer o curso e verificar as questões de acessibilidade. À época, foi totalmente inovador e foi muito marcante, porque houve o interesse das pessoas convidadas em fazer o curso, além de um retorno bem positivo. Fizemos reuniões e as devolutivas eram sempre muito legais. Elas colaboraram também para tornar o curso mais acessível. Ter o cuidado, ter o olhar da pessoa com deficiência para garantir a acessibilidade de fato, foi um momento marcante para o curso como um todo e para a educação. Possibilitar a participação, verdadeiramente, de todas as pessoas, ser um curso 100% acessível, o qual todos podem acessar, contribui também para o interesse dos educadores, para divulgação, faz uma grande diferença, lembra Kátia Cibas, formadora em Educação Inclusiva do IRM.
Lara Souto, com deficiência visual, foi uma das pessoas que integrou o grupo focal. A professora e consultora de acessibilidade concorda com essa avaliação e acrescenta: “A gente só alcança a educação inclusiva, se a gente fizer adaptações e se a gente mostrar para o professor, mostrar para todo mundo que a acessibilidade é possível. Ter recursos de acessibilidade no desenvolvimento do projeto é essencial”, explica.
Outro fator essencial para o êxito da formação foi o rigor no planejamento e na seleção dos conteúdos apresentados no curso. Além da criteriosa escolha dos materiais, foi analisada forma e didática de apresentação para a compreensão dos cursistas.
“Esse projeto teve algo que a gente sempre propõe para tudo, tanto para nós internamente, quanto para os educadores, para as educadoras, que é fazer um planejamento. Fizemos um planejamento muito intenso, fomos rigorosos. Pensamos nos detalhes em relação ao conteúdo que está sendo apresentado e como está sendo apresentado. Tínhamos enquanto ideia conseguir fazer um teste com pessoas com deficiência, testando não só navegação, usabilidade, mas o conteúdo em si, enfim, testando tudo. A partir de um bom planejamento, conseguimos executar vários dos nossos desejos”, enfatiza Luiz Conceição, coordenador de formação do IRM.
Ademais do curso ultrapassar a marca dos 100 mil inscritos, para a equipe de formação, existem distintos motivos de felicidade que merecem ser celebrados e são destaques ao longo desses dois anos. A divulgação sendo feita pelos próprios cursistas, o que evidencia a qualidade do Portas abertas para a inclusão; as referências que o curso traz para outras formações, realizadas de maneira presenciais; e a interlocução com o UNICEF, na qual ficou definida a inserção da formação como critério da avaliação sistêmica do selo UNICEF durante o período de três anos, de 2017 a 2020.
“O selo UNICEF foi um reconhecimento muito forte do parceiro ao nosso trabalho. Fazer com que o curso fosse um critério dentro da metodologia de avaliação sistêmica do selo UNICEF não só estimulou para que mais municípios, que provavelmente a gente não chegaria de forma orgânica, chegassem até a formação, mas também que a gente ganhasse essa visibilidade perante todo mundo que tem articulação com o UNICEF ”, recorda Alexandre Moreira, que participou da concepção dessa formação.
O selo é um reconhecimento do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), oferecido aos 2.314 municípios de 18 estados do Semiárido e da Amazônia Legal Brasileira, que objetiva estimular e reconhecer avanços reais e positivos na promoção, realização e garantia dos direitos de crianças e adolescentes dessas regiões. A adesão ao selo é espontânea, mas, ao aderir ao selo, o município se compromete a manter a agenda de políticas públicas voltadas às crianças e aos adolescentes e se submete a metodologia que inclui o monitoramento de indicadores sociais e a implementação de ações que ajudem o município a cumprir a Convenção sobre os Direitos da Criança, que no Brasil é refletida no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Diego Barcelos, também da equipe de formação do IRM, comenta sobre as avaliações positivas que os formadores recebem dos cursistas. “Para mim, as mensagens dos cursistas chamam muito a atenção. Eu não sei se é uma prática comum as pessoas escreverem elogiando tanto o conteúdo disponibilizado. A gente recebeu relato, por exemplo, de uma moça que estava em casa neste período de isolamento, com filho pequeno e grávida, e ela mencionou que teve um ganho maior de conteúdos com o curso EAD em comparação a cursos presenciais que ela participou. A gente recebe relatos de pessoas com mais de 30 anos de sala de aula, de experiência pedagógica, falando que, mesmo com tantos anos de experiência, um curso com esse conteúdo disponibilizado pôde contribuir para que elas revissem várias questões que carregavam durante a atividade delas dentro da sala de aula. Eu acho isso muito expressivo”, diz.
Para Lailla Micas, atual coordenadora do DIVERSA e que fez parte da criação da formação, o curso registrar inúmeras inscrições representa um grande interesse da sociedade na busca por uma educação inclusiva.
“Eu acho que ultrapassar os 100 mil inscritos representa um grande interesse da sociedade de buscar uma educação inclusiva. A gente sabe que, dentre os participantes, não têm só professores de Educação Física, têm outras pessoas interessadas, outros educadores, familiares, e um número tão grande assim representa uma demanda reprimida. Muitas pessoas que queriam, que querem ter mais acesso à informação, a esse tipo de conteúdo sobre inclusão, acessibilidade, e que viram no nosso curso um lugar para ter acesso a isso, a esse tipo de informação”, opina Lailla.
Conheça os resultados do projeto Portas abertas para a inclusão da versão semi-presencial
Assista aos vídeos que complementam a Coletânea de práticas inclusivas!