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Gil, Bial e Cortella dialogam sobre mudanças na vida, tema do novo livro de Rodrigo Hübner Mendes  

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Cantor, jornalista e filósofo estiveram no palco do teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, para o lançamento de O Potencial da Mudança – O desafio de navegar pelas incertezas. Encontro teve participação especial da cantora Negra Li

Fotografia de três homens brancos e um homem negro sobre um palco. Todos estão sentados, um deles em cadeira de rodas. O palco tem cenário de fundo azul escuro. Fim da descrição.
Rodrigo, Cortella, Gil e Bial conversam sobre momentos de rupturas na vida. Foto: Mariana Pekin

Na última terça-feira (14/11), cerca de mil pessoas lotaram o auditório do teatro Paulo Autran, no SESC Pinheiros, na capital paulista, durante o lançamento do livro O Potencial da Mudança – O desafio de navegar pelas incertezas -, de Rodrigo Hübner Mendes, publicado pela editora Companhia das Letras. No encontro, o autor, que é superintendente do Instituto Rodrigo Mendes, recebeu Gilberto Gil, Pedro Bial e Mario Sergio Cortella para, juntos, refletirem sobre como o inesperado, as grandes mudanças e as rupturas perpassam a vida de todos. A cantora Negra Li encerrou a noite com um pocket show. 

O evento, que teve apoio do Itaú e do Sesc e concepção criativa da Trip, começou com uma mensagem gravada do ator, diretor e escritor Lázaro Ramos, que assina o prefácio do livro. Ao analisar a obra de Rodrigo, o ator resgata o filósofo e escritor Jean-Paul Sartre, “de quem tomo a liberdade para ajustar o tempo verbal: ‘Não importa o que a vida faz de você, mas o que você faz com o que a vida faz de você’”.    

Em seguida, no bate-papo conduzido pelo jornalista Pedro Bial, Gil refletiu sobre a presença do acaso em nossas vidas. “O ser em nós, no corpo consciente e vivo, é só expectativa, sempre, do próximo acaso, do próximo acaso, do próximo. E têm os bons e os ruins. Mas todos sempre acasos. Esses acasos vão se sucedendo e formando esse rosário, essa cadeia de auspícios”, disse Gil.  

Cortella, por sua vez, acrescentou que as pessoas ficam agoniadas com aquilo que parece não ter sentido porque o acaso não só as coloca fora da possibilidade de compreensão, como também de domínio. Isso, porém, não significa paralisia. “Esta é a capacidade humana: a não submissão a uma circunstância que, mesmo que você não tenha conduzido, está à tua volta. Portanto, nossas cicatrizes são, em larga escala, uma marca daquilo que buscamos superar. Mas elas podem também ser um sinal de que se vivenciou algo que não se tinha controle. Não temos controle e nem descontrole sobre tudo. Há dois mitos fortes: tudo é possível e nada é possível”.  

 Ao analisar como reagir às mudanças impostas pela vida, Rodrigo avalia que o importante é “sermos capazes de proteger nossa capacidade crítica, de analisar o entorno e identificar o que há de bom para se aproveitar, seja qual for a situação. Não tem como alguém tirar isso de nós. É um presente que independe das condições externas, das tempestades e daquilo que pode às vezes assustar. Essa é uma grande dádiva da humanidade: a capacidade de, diante do pior cenário, lembrar que quem decide somos nós e que podemos ser fonte de inovação e criação quando nos desprendemos das expectativas externas do que deve ser a vida e o que você deve ser como alguém que sonha”.  

A educação inclusiva como missão

A fala gerou reflexões no público presente. “Gostei quando comentaram das escolhas que podemos fazer a partir do que acontece conosco. Eu nasci cega, mas o que vou fazer com isso? Vou fazer o meu melhor, porque não adianta ficar reclamando, quando a vida me deu, por exemplo, habilidade para ser engenheira. Aproveitei e mergulhei”, comentou Geisa Farini, engenheira de software.  

Para ela, o encontro também deu visibilidade a pontos importantes da luta pela educação inclusiva e contra o capacitismo. “Chamou minha atenção a fala sobre superação, porque temos mesmo de tomar cuidado com esse discurso. Não queremos ser super-heroínas, nem coitadinhas. A gente só quer oportunidade e igualdade de condições para podermos viver como qualquer outra pessoa”.    

Fotografia feita da lateral de um teatro com plateia cheia e, no palco, quatro apresentadores sentados sendo eles: Rodrigo Hübner Mendes, Mario Sergio Cortella, Gilberto Gil e Pedro Bial. Eles estão posicionados em um palco com cenário de fundo azul escuro. Uma intérprete de Libras está no canto esquerdo do palco fazendo a tradução simultânea. Fim da descrição.
Cerca de mil pessoas compareceram ao teatro Paulo Autran, no SESC Pinheiros (SP). Foto: Mariana Pekin

Arianda Patrícia Linhares Bispo, professora do ensino fundamental do colégio Vera Cruz, em São Paulo, disse que ficou emocionada ao conhecer a história de Rodrigo. “Foi incrível conhecer sua trajetória e ver como, a partir dela, ele tomou a iniciativa de fazer a diferença na vida de um público historicamente excluído. Saber que tem alguém como ele pensando a educação inclusiva é gratificante”.  

Estudantes como Hugo Silva, diretor da União Brasileira dos Estudantes (UBES), e Tel Guajajara, coordenador geral do Circuito Universitário de Cultura e Arte da União Nacional dos Estudantes (UNE), também estiveram presentes. “A história do Rodrigo   nos inspira a entrar com mais força na luta por uma educação inclusiva, afinal a escola precisa ser um espaço de acolhimento, que absorva e compreenda todas as nossas peculiaridades, características e vivências”, enfatizou Hugo.  

“Temos hoje, no Brasil, uma grande parcela que debate educação inclusiva e transformadora. O Rodrigo traz esse conhecimento em um momento de mudança de chave geracional muito grande”, completa Tel. 

Sobre o desafio de construir uma sociedade cada vez mais inclusiva por meio da educação, Rodrigo argumenta: “Nesses quase 30 anos, nossa plataforma de formação recebeu mais de 120 mil professores do Brasil inteiro, que já influenciaram a vida de mais de 2 milhões de pessoas. Isso ainda é pouco, temos muito pela frente! Não podemos sossegar enquanto as escolas brasileiras não forem capazes de criar um ambiente que de fato aposte no potencial de cada criança respeitando o seu jeito de ser no mundo”.   

O evento foi realizado com apoio do Itaú, e em parceria com o Sesc São Paulo e com a Editora Objetiva. A concepção foi da Trip e a instituição beneficiada foi o Instituto Rodrigo Mendes.

SERVIÇO:  

O potencial da mudança: o desafio de navegar pelas incertezas, Rodrigo Hübner Mendes  

Na obra, o autor compartilha suas histórias e oferece algumas ferramentas e estratégias que podem aprofundar a reflexão sobre como transformar as adversidades em trampolins para a realização pessoal.  

Número de páginas: 256  

O livro pode ser adquirido pelo site da Companhia das Letras e em outras plataformas de vendas, além de lojas físicas. Ele está disponível na versão impressa e no formato e-book, compatível com diferentes leitores digitais. 


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