Estudo apresenta um retrato global e atual das tecnologias educacionais digitais que têm potencial para favorecer a inclusão escolar de todos os estudantes
O Instituto Rodrigo Mendes (IRM), em parceria com o Instituto Unibanco, elaborou uma pesquisa que apresenta um panorama do uso de tecnologias digitais na educação básica e tem como objetivo impulsionar o uso e o desenvolvimento de recursos educacionais sob uma perspectiva inclusiva, para que contemplem todos os estudantes. O estudo “Tecnologias digitais aplicadas à educação inclusiva: fortalecendo o Desenho Universal para a Aprendizagem”, lançado no dia 29 de novembro, foi realizado pelo Núcleo de Pesquisa e Tecnologias do IRM.
O material mostra um panorama atual da oferta de soluções em tecnologia educacional no Brasil, destacando algumas das principais soluções inclusivas; identifica tecnologias digitais que, no contexto escolar, contribuem com o avanço da educação inclusiva; pretende impulsionar uma nova cultura tecnológica, comprometida em produzir soluções acessíveis para todos desde a sua concepção; e vislumbra novos cenários pós-pandemia em que possam ser construídos projetos educacionais renovados.
“A pesquisa apresenta um mapeamento do cenário atual de tecnologias digitais que favorecem a inclusão de estudantes com deficiência. Com isso, queremos incentivar gestores públicos e educadores a conhecerem mais sobre as soluções disponíveis, estimular uma cultura tecnológica mais inclusiva e impactar as salas de aula no sentido de promover a aprendizagem de todos”, diz Rodrigo Hübner Mendes, fundador e superintendente do Instituto Rodrigo Mendes.
Para Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco, os dados apresentados no estudo contribuem para a trajetória de avanços da educação inclusiva no Brasil:
“A inclusão é extremamente positiva para todos os estudantes brasileiros, com ou sem deficiência. Por isso, promover atividades a partir de ferramentas como as identificadas no estudo é um passo fundamental na promoção da igualdade de aprendizagem e na valorização da diversidade na educação”.
A pesquisa, dividida em quatro capítulos, buscou estimular o uso e o desenvolvimento de recursos educacionais digirais seguindo os princípios do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), a partir de um estudo exploratório sobre o tema.
O primeiro capítulo aborda conceitos sobre a educação inclusiva e o DUA, além da importância da tecnologia para potencializar a aprendizagem, considerando um projeto pedagógico desenvolvido para todos os estudantes e suas especificidades. A parte inicial do estudo apresenta também a transformação digital nas escolas brasileiras e os principais marcos normativos para essa evolução.
O capítulo seguinte explica o que são recursos educacionais digitais (RED) e os recursos de tecnologia assistiva. Apresenta a relação entre eles para a concepção do DUA e de uma educação inclusiva. Traz também uma evolução histórica com os principais marcos regulatórios, nacionais e internacionais, que contribuíram para a introdução desses recursos nas escolas.
O material mostra ainda o cenário contemporâneo de oferta de tecnologias educacionais disponibilizada por diferentes atores: Big Techs (gigantes globais), Startups (empresas emergentes que pretendem desenvolver ou aprimorar um modelo de negócio), órgãos públicos e outros. E apresenta entrevistas com a Google, Microsoft e Facebook, que revelaram uma preocupação progressiva das empresas em relação à acessibilidade, diversidade e inclusão.
A parte final da pesquisa relata as boas práticas escolares no uso de tecnologias a partir de evidências baseadas em estudo de casos. Os casos demonstram ganhos reais relativos ao ensino-aprendizagem tendo a tecnologia como aliada, mas também evidenciam a necessidade de evolução e expansão em relação ao tema. A pesquisa indica que, para tanto, é necessário haver uma forte sintonia entre as políticas públicas, as condições institucionais e o conteúdo da formação de educadores.
Como principais resultados são apresentadas as seguintes considerações:
(I) A adoção de tecnologias educacionais deixou de ser um assunto transversal, tornando-se cada vez mais algo estratégico e central.
(II) Conforme destacou recentemente a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em dias atuais as desigualdades multidimensionais persistem em nosso país, ainda que tenha havido aumento da participação na educação, e as tecnologias não devem acentuar essas desigualdades.
(III) As fronteiras da educação digital trazem oportunidades e desafios. Nesse contexto, há uma necessidade atual de se consolidar formatos de aprendizagem inclusivos, que contemplem a diversidade humana, com auxílio de novas tecnologias.
(IV) As tecnologias digitais são uma importante ferramenta de apoio às estratégias educacionais inclusivas, que necessitam ser pensadas para todos os estudantes. É um momento para se pensar a transição de soluções digitais nativas (born digital) para soluções acessíveis nativas (born accessible).
(V) Nos dias atuais, especialmente diante dos recentes desafios apresentados pela pandemia da covid-19, torna-se necessário reconstruir de maneira mais inovadora os sistemas de ensino. Isso significa não apenas testar a sua resiliência no cotidiano, mas também promover uma profunda mudança cultural, que utilize as tecnologias como ferramentas de ensino voltadas à valorização da diversidade.
(VI) Estratégias pedagógicas bem formuladas e apoiadas em tecnologias têm grandes chances de obter sucesso quando consideram as singularidades individuais.
A pesquisa “Tecnologias digitais aplicadas à educação inclusiva: fortalecendo o Desenho Universal para a Aprendizagem” está disponível em duas versões, chamadas de relatório final e de relatório completo.
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