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Instituto Rodrigo Mendes celebra 27 anos de existência

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Em comemoração ao seu aniversário, Instituto Rodrigo Mendes relembra “Vídeo manifesto: O mundo melhora quando a escola inclui todos” e traz uma entrevista com Rodrigo Hübner Mendes, seu fundador. 

São 27 anos de história. Ao longo de sua existência, o Instituto Rodrigo Mendes (IRM) passou por grandes transformações. Começou como uma escola de artes, se modificou e, atualmente, é uma das referências quando se pensa em educação inclusiva, tendo como objetivo trabalhar intensamente até que 100% das crianças e adolescentes com deficiência estejam estudando em escola inclusivas!  

Confira o “Vídeo manifesto: O mundo melhora quando a escola inclui todos” e uma entrevista com Rodrigo Hübner Mendes, fundador do IRM, que relembram desafios e conquistas do Instituto, em comemoração ao seu 27º aniversário. Afinal, vivemos de nossas memórias. E são elas que nos dão consciência e nos permitem saber quem fomos, quem somos e almejar quem queremos ser. Daí, pode-se dizer que “recordar é viver”. 

Entrevista com Rodrigo Hübner Mendes, fundador do IRM 

IRM: O IRM completa mais um ano. Durante sua história, quais pontos você acredita que merecem destaque?  

Rodrigo: Interessante pensar na história de 27 anos do Instituto como um processo contínuo de transformação. Começamos como uma escola de artes voltada a pessoas com deficiência, nos transformamos numa escola inclusiva, migramos para o trabalho de formação de educadores nas redes de ensino, optamos por investir também em produção de conhecimento, assumimos o papel de incidir em políticas públicas etc. Essa dinâmica de sucessivas mudanças está em nosso DNA. Cada etapa dessa jornada tem seus destaques e desafios. Mas, sempre que posso, saliento a importância da rede de parceiros que construímos ao longo do tempo. Uma honra ter contado com o voto de confiança e com o inestimável apoio de tantas pessoas e organizações. A eles dedico nosso aniversário!  

IRM: Durante essa trajetória, quais os aprendizados mais marcantes?  

Rodrigo: São inúmeros aprendizados. Sob o ponto de vista da liderança de uma organização do terceiro setor, para quem está iniciando um empreendimento social, sempre recomendo que haja uma combinação entre investimento de tempo em planejamento (entender com profundidade o contexto, atores, oportunidade, barreiras, possíveis parceiros etc.) e pragmatismo para começar a colocar a “mão na massa”. Além disso, qualquer iniciativa só consegue alçar voos mais promissores se priorizar a identificação e contratação de pessoas talentosas, comprometidas com a promoção de avanços no campo social. Sob o ponto de vista do nosso jeito de ser, fomos fieis em preservar meu desejo inicial, como fundador, de construir uma organização pautada por excelência e leveza. Manter esses princípios vivos foi essencial para que não perdêssemos nossa identidade, nossa essência, independentemente da nossa contínua reinvenção em termos de programas, projetos e ações.   

IRM: O IRM assumiu uma representatividade importante na luta por uma educação de qualidade para pessoas com deficiência na escola comum e, portanto, pela construção de uma sociedade inclusiva. Você esperava atingir essa representatividade significativa ou as expectativas foram superadas?  

Rodrigo: Cada etapa da nossa trajetória envolveu um conjunto de sonhos que dialogava com um determinado momento. Nossas ambições sempre foram grandes e calibradas pelas circunstâncias que vivíamos. No entanto, posso dizer que o grande sonho de interferir, significativamente, na melhoria das condições de vida de pessoas em situação de exclusão sempre esteve presente. Os caminhos vão mudando, mas o nosso grande norte é o mesmo.  

Rodrigo Hübner Mendes no centro, junto de diversos estudantes e duas mulheres adultas. Todos estão sorridentes. O grupo apresenta diferentes tons de pele. Fim da descrição.

IRM: Por que algumas famílias e/ou escolas ainda se negam a matricular pessoas com deficiência em instituições de ensino regulares?  

Rodrigo: Em geral, esse fato é resultante da falta de informação. A consciência da sociedade sobre os benefícios da educação inclusiva para todos os estudantes cresceu muito nos últimos anos, mas esse é um processo que demanda tempo, pois se relaciona com uma mudança de visão de mundo. Existem certos casos em que a resistência se dá por outros interesses (políticos, financeiros etc.). Mas, mesmo nessas situações, acredito que o diálogo, a mobilização social e os mecanismos de defesa dos direitos humanos podem atuar como poderosos meios de impulsionamento para que a concepção inclusiva siga avançando na sua missão de não deixar ninguém para trás.  

IRM: Por que as pessoas com deficiência, apesar de inúmeros avanços, ainda são consideradas incapazes e inferiores de maneira geral?  

Rodrigo: É importante reconhecer que herdamos um histórico extremamente negativo quanto à forma como a sociedade encara o segmento de pessoas com deficiência. Isso é identificado desde os primórdios da história da civilização humana. E está presente no nosso inconsciente coletivo, na nossa cultura, nas referências que recebemos desde a infância. Trata-se de um fenômeno que perpassa as várias temáticas no território da desigualdade e das diferenças inerentes à vida em grupo. Nosso papel é nutrir as condições para que tais vieses do passado sejam desconstruídos por meio do acesso ao conhecimento e à educação de qualidade para todos. Por outro lado, precisamos seguir exercendo nosso poder de influência, como membros da sociedade civil, para que as políticas públicas – sejam elas na educação, na cultura, na saúde, no trabalho e demais áreas – incorporem o respeito às diferenças como um valor, uma premissa que orienta a formulação das ações decorrentes de tais políticas.   

IRM: Nesse sentido, como você acredita que o IRM tem colaborado para uma educação inclusiva? 

Rodrigo: Nossa arquitetura de programas está estruturada a partir de três pilares. Em primeiro lugar, temos produzido conhecimento sobre educação inclusiva por meio de inúmeras iniciativas no campo da pesquisa, do mapeamento e da sistematização de boas práticas. A principal vitrine desse pilar é o nosso portal DIVERSA, que completa 10 anos em outubro. Em segundo lugar, desenvolvemos várias ações de formação de educadores, gestores e técnicos de secretarias de educação. Esses projetos contemplam os formatos presencial, semipresencial e a distância, tendo recebido mais de 100 mil participantes nos últimos anos. Como terceiro eixo de atuação, temos atuado intensamente no campo de advocacy, buscando influenciar a agenda de gestores públicos, legisladores e outras lideranças relevantes no campo da educação e dos direitos das pessoas com deficiência. 

IRM: Quais os planos do IRM para o futuro? 

Rodrigo: Trabalhar intensamente até que 100% das crianças e adolescentes com deficiência estejam estudando em escola inclusivas!  

IRM: Esse é um dia para celebrar nossas conquistas, um dia de festa para nós e para todos aqueles que acreditam e lutam por uma sociedade verdadeiramente inclusiva. Nesse sentido, você tem alguma mensagem final que gostaria de transmitir a essas pessoas? E, ainda, há algum comentário que gostaria de acrescentar, algo que não foi abordado?    

Rodrigo: Na minha opinião, a inclusão representa uma mudança de estágio civilizatório. Os países que apresentam os melhores índices de desenvolvimento humano, não por acaso, enxergam a pluralidade humana como uma riqueza e tomam medidas para mitigar a desigualdade social. Nós entendemos que, tornando a escola um espaço que abraça a diversidade, a gente mira o nosso leme para uma sociedade que não aceita abismos sociais, onde todo mundo é realmente tratado como igual. A gente acredita que o mundo melhora quando a escola inclui todos! 


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