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O que é Endowment?

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O Endowment, ou Fundo Patrimonial Filantrópico, é uma ferramenta utilizada para a sustentabilidade financeira de organizações sem fins lucrativos (ONGs) a longo prazo. 

Em 2008, após a crise financeira iniciada com a falência do banco americano Lehman Brothers, o Instituto Rodrigo Mendes (IRM) teve cortes consideráveis nas doações que mantinham seus projetos. O mesmo ocorreu com a maioria das instituições, o que lançou luz sobre a fragilidade a que todo o Terceiro Setor estava exposto. Diante desse cenário, os conselheiros do IRM propuseram a criação de um Endowment, uma iniciativa pioneira à época para assegurar a estabilidade financeira e a longevidade de seus programas. 

O Endowment, ou Fundo Patrimonial Filantrópico, é uma ferramenta utilizada para a sustentabilidade financeira de organizações sem fins lucrativos (ONGs) a longo prazo. Por meio desse instrumento, as organizações captam e administram recursos financeiros, cujos rendimentos servem para a manutenção de sua atuação de maneira perene. 

“A iniciativa foi considerada pioneira pelo fato de não ter sido constituída a partir de um patrimônio familiar. Esse projeto nasceu com a finalidade de garantir estabilidade para os nossos programas e permitir um planejamento mais audacioso, capaz de viabilizar voos mais altos”, relembra Rodrigo Hübner Mendes, superintendente do IRM.  

Os primeiros padrinhos do Endowment do IRM foram o banco J.P. Morgan, que assumiu a gestão dos recursos, e o escritório de advocacia Mattos Filho, responsável por toda parte jurídica. Atualmente, a  XP Inc. é responsável pela gestão do fundo do instituto, que conta com a contribuição das seguintes instituições: B3 Social, Bauducco, Faber-Castell, Haddad Foundation, Itaú Social, Itaú Unibanco e Península. 

No Brasil, as organizações do Terceiro Setor operam, predominantemente, orientadas por uma lógica de captação de recursos estruturada por projeto, em geral estruturado em um cronograma de 12 meses. Ou seja, as instituições desenham projetos, buscam financiadores, implementam, prestam contas e reiniciam o ciclo, reformulando o projeto ou apresentando uma nova iniciativa.  

Entretanto, de alguns anos para cá o cenário econômico está demandando criatividade, inovação e ousadia das instituições sociais para não se tornarem reféns da incerta continuidade do ciclo.   

Novos modelos de financiamento 

Foto de um palco com quatro pessoas sentadas, sendo dois homens brancos e duas mulheres brancas. Ao fundo, o painel com a identidade visual do Fórum de Filantropos e o nome do painel: Modelos de financiamento: riscos calculados para retornos transformadores.
Da esquerda para a direita: Marcel, Fabiana, Rodrigo e Andrea durante o 12º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

Em setembro, Rodrigo participou do 12º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2023, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. Na ocasião, ele fez parte da mesa “Modelos de financiamento: riscos calculados para retornos transformadores”, ao lado de Fabiana Prianti, head da B3 Social, Marcel Fukayama, head de Global Policy na B Lab Global e cofundador da Din4mo e da BlendLab, e Andrea Hanai, gerente de projetos no IDIS, que mediou a conversa. A proposta do painel foi discutir sobre modelos de financiamento inovadores que o investimento social privado tem buscado como alternativas que gerem impacto socioambiental e tenham riscos planejados.  

“Vários estudos mostram que há no Brasil uma grande lacuna entre as demandas de desenvolvimento socioambiental e a capacidade de financiamento público de iniciativas e instituições promotoras desse desenvolvimento”, comentou Andrea ao abrir o painel com a provocação: “De que forma podemos ousar quando se tem finitude de recursos para produzir impactos que desejamos para o país?”.  

Os três convidados concordaram que é preciso inovar no setor social para potencializar o impacto do investimento social privado e fomentar o desenvolvimento dos projetos e, consequentemente, do país. 

Fabiana expôs que, atualmente, a B3 Social se dedica exclusivamente a grantmaker, ou seja, a apoiar financeiramente outras organizações da sociedade civil. Na sua estratégia, a instituição dá prioridade para iniciativas cujos propósitos estejam ligados ao combate das desigualdades sociais, entendendo a educação como força motriz. A B3 Social promove encontros periódicos com a rede de instituições apoiadas – da qual o IRM faz parte – para manter proximidade, dar mentoria e contribuir com o seu fortalecimento institucional.  

Marcel, por sua vez, apresentou o modelo de financiamento chamado blended finance, uma forma de investimento híbrido que mescla capital filantrópico com capital comercial. Segundo ele, essa modalidade mitiga os riscos sistêmicos. “Com 40% de investimento filantropo e 60% capital comercial, por exemplo, o projeto pode assumir mais riscos, ampliando o número de beneficiários, pois cria uma espécie de colchão de segurança para os investidores comerciais. Para uma iniciativa dessa não ficar de pé, precisaria de 41% de inadimplência”, exemplificou. 

Por fim, Rodrigo falou sobre a experiência do IRM com o Endowment, uma modalidade que dá às instituições uma estabilidade financeira de longo prazo e permite um planejamento mais ambicioso. Ele ressaltou que o Fundo Patrimonial do instituto está pautado em três pilares: 

  1. Visão de longo prazo e uso somente do rendimento real do fundo para perenização do direito à educação para todos. 
  2. Governança baseada em agilidade e transparência, tendo como elemento estruturante um Comitê de Investimentos voltado para apoiar as decisões em torno da alocação dos recursos no mercado financeiro. 
  3. Engajamento estruturado pelo Conselho Curador, que é responsável por planejar metas, ações e atrair investidores

“Toda pessoa gera um legado. Essa herança varia em amplitude e relevância. Para mim, os endownments tem uma beleza que está inerente a sua intenção de perenização, de longevidade, de levar o Brasil a patamares mais promissores, arraigados por equidade e prosperidade. É uma tarefa que clama por avanços na área social. Estou convicto que os endowments podem ser poderosos catalizadores desse processo”, afirmou Rodrigo no encerramento do evento. 

Assista ao painel na íntegra 

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