Elaboradas a partir da formação “Alavancas para a educação inclusiva de qualidade”, as propostas foram desenvolvidas em escolas públicas nas cinco macrorregiões do país..
Entre os meses de outubro e novembro, o portal DIVERSA publicou uma série com cinco conteúdos especiais, em vídeo e texto, que retratam projetos inclusivos em escolas públicas nas cinco macrorregiões do Brasil. As propostas foram desenvolvidas no âmbito da formação “Alavancas para a educação inclusiva de qualidade”, realizada pelo Instituto Rodrigo Mendes (IRM) em dez municípios: Maués (AM), Óbidos (PA), Campo Formoso (BA), Gado Bravo (PB), Irauçuba (CE), Lucas do Rio Verde (MT), Cajati (SP), Patos de Minas (MG), Alvorada (RS) e Canguçu (RS). A iniciativa conta com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Movimento Bem Maior, do Instituto Ambikira e do Instituto Machado Meyer.
No primeiro ano do projeto “Alavancas”, a equipe do IRM conduziu a formação de 394 cursistas, entre educadores, gestores e técnicos de secretarias, que incluiu orientação e apoio para a elaboração e o desenvolvimento de 102 projetos inclusivos, cujo objetivo foi atender a comunidade escolar, promovendo o protagonismo e a autonomia de todos os estudantes.
Ainda em 2023, a equipe visitou os 10 municípios para conferir a implementação das propostas, conheceu um pouco da realidade local e dialogou com comunidade escolar e representantes das secretarias de educação e de outras áreas das prefeituras. Durante essas viagens, cinco projetos – um de cada região do país – foram filmados e se tornaram vídeos-registro de práticas inclusivas. O resultado dessa imersão é apresentado a seguir.
“Pescadores de histórias: escritores de memória” | Maués (AM)
O município de Maués, a 260 quilômetros de distância em linha reta de Manaus (AM) e onde o acesso só é possível por via aérea ou fluvial, é conhecido como a “terra do guaraná”. Apesar da fama, nem todos os estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Salum de Almeida conheciam as histórias que envolvem a origem do cultivo da fruta e a participação dos indígenas sateré-mawé nesse processo.
Para mudar esse cenário e ressaltar a cultura local, as professoras Etelvina de Lira Gomes e Daniele Pessoa desenvolveram o projeto “Pescadores de histórias: escritores de memória”. Ao trabalhar leitura, escrita e oralidade utilizando lendas, contos e histórias locais com todos os estudantes, a iniciativa contribuiu para fortalecer uma educação inclusiva e aproximar a comunidade escolar das tradições dos sateré-mawé.
“Educação para todos e para cada um, álbum de figurinhas” | Campo Formoso (BA)
Dá para ensinar matemática utilizando álbum de figurinhas? O projeto “Educação para todos e para cada um, álbum de figurinhas”, realizado no Colégio Municipal Manoel Ricardo de Almeida, em Campo Formoso (BA), mostra que sim.
Na proposta, o álbum de figurinhas — brincadeira comum em muitos lares — foi usado para trabalhar o sistema monetário brasileiro. As professoras colocaram o 3º ano do ensino fundamental para comprar, vender e trocar figurinhas, o que permitiu avanços na aprendizagem de matemática e na interação entre todos os alunos. A turma era formada por 23 estudantes, sendo um deles com transtorno do espectro do autismo (TEA).
“Superando limites” | Lucas do Rio Verde (MT)
Como utilizar a curiosidade das crianças para ensiná-las a pesquisar? Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Cecília Meireles, em Lucas do Rio Verde (MT), as professoras aproveitaram o interesse dos estudantes para que eles ampliassem seus conhecimentos sobre os animais domésticos, silvestres, aquáticos, terrestres e aéreos.
Durante o projeto “Superando limites”, a turma do 3º ano do ensino fundamental investigou as características dos animais e aprendeu procedimentos de pesquisa, como localizar, selecionar e registrar informações. Além de promover a autonomia, a iniciativa favoreceu a interação e a cooperação entre os alunos.
“Tapete cultural” | Patos de Minas (MG)
Já parou para pensar que uma das principais vantagens do uso de jogos na educação básica é que eles têm, por si só, um caráter inclusivo? Num jogo é possível construir regras em que todos possam participar juntos e um colaborar com a aprendizagem do outro.
Por saber disso, a professora Natane Souza decidiu usar essa estratégia com alunos do 9º ano da Escola Municipal (EM) Major Augusto Porto, de Patos de Minas (MG). Assim surgiu o “Tapete Cultural”, ideia que trabalha potenciação, radiciação e expressão numérica por meio de um grande tapete que segue a lógica de um jogo de tabuleiro de avançar casas, confeccionado com desenhos dos próprios estudantes sobre a cultura local.
“Inclusão: um olhar voltado às emoções” | Canguçu (RS)
As emoções fazem parte da essência dos seres humanos. Durante o processo de escolarização, também é papel das instituições de ensino colaborar para que todos os estudantes aprendam a identificar e a lidar com seus sentimentos, processo que começa na educação infantil.
A literatura é uma valiosa estratégia que pode ser utilizada por educadores para que as crianças aprendam mais sobre o mundo e si mesmas. Exemplo disso é o que fez a professora Josiane Braga Soares. Ela recorreu à leitura de “O monstro das cores”, livro de Anna Llenas, para trabalhar as emoções com crianças de cinco anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) São João Batista de La Salle, em Canguçu (RS).
Sobre o Alavancas
Com três anos de duração, de 2023 a 2025, o projeto “Alavancas” tem como objetivo potencializar práticas e políticas públicas locais que proporcionem uma educação de qualidade para todos. Para isso, promove a formação de educadores, gestores escolares e técnicos de secretarias.
Em 2024, o projeto formou 170 técnicos de secretarias e apoiou a revisão ou a elaboração de dez políticas públicas de Educação Especial inclusivas. Para 2025, está prevista a implementação da política e a criação de dois cursos EAD (educação a distância) que serão disponibilizados na plataforma de formação do IRM.
Além das organizações já mencionadas para a realização do projeto “Alavancas”, o IRM conta com parceiros institucionais que apoiam as diversas iniciativas voltadas à educação inclusiva. São eles: AT&T, Cisco, Fundação Grupo Volkswagen, Fundação Lemann, Fundação Itaú, Instituto Devive, Instituto Unibanco, LATAM e Mattos Filho. Essa colaboração é fundamental para a expansão das ações do Instituto por uma sociedade cada vez mais inclusiva, equitativa e igualitária.
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